sexta-feira, 13 de junho de 2025 3d1y6r

Eleições de 2026 na Bahia devem ser das mais acirradas, avalia diretor da Quaest 5a6fa

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Da Redação

A disputa eleitoral de 2026 na Bahia caminha para ser uma das mais intensas das últimas décadas. A avaliação é do cientista político e CEO da Quaest, Felipe Nunes, em entrevista ao Correio. Segundo ele, a queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem impacto direto no cenário baiano, tradicionalmente favorável ao petismo.

Apesar das recentes mudanças na equipe de comunicação do governo federal, Nunes acredita que os altos índices de desaprovação revelam um problema mais profundo. “Há um desgaste da imagem do próprio presidente, uma desconexão com os anseios da população e frustração com promessas não cumpridas”, afirmou ao Correio.

De acordo com pesquisa da Quaest divulgada em 4 de junho, Lula e Bolsonaro aparecem empatados com 41% das intenções de voto, caso a eleição fosse hoje. “Isso mostra que Lula segue como o nome a ser batido, mas com competitividade em queda e o surgimento de figuras como Tarcísio Freitas, Romeu Zema e Ronaldo Caiado”, disse o diretor.

Para vencer em 2026, o candidato — seja Lula ou um nome da oposição — precisará conquistar um segmento específico: cerca de 10% do eleitorado que não se identifica com lulismo nem bolsonarismo. “São eleitores adultos, de classe média, majoritariamente homens, que desejam melhorar sua qualidade de vida”, detalhou.

A possibilidade de o presidente não concorrer também foi abordada. Nunes destacou que 66% dos brasileiros acreditam que Lula não deveria ser candidato à reeleição. Apesar disso, avalia que o petista deve manter a candidatura. “O PT não tem outro nome forte, e Lula é um animal político”, afirmou.

A perda de apoio entre os evangélicos, que hoje representam cerca de 27% da população — podendo chegar a 30% considerando apenas os adultos —, também preocupa. Para Nunes, a falta de diálogo com esse segmento pode comprometer ainda mais o desempenho do governo.

Questionado sobre o impacto de uma possível demora de Jair Bolsonaro em anunciar um nome para a disputa, Nunes acredita que a postergação pode enfraquecer o ex-presidente. “Tarcísio, Zema e Caiado estão crescendo sozinhos e Bolsonaro corre o risco de se tornar irrelevante se não agir logo”, disse.

Sobre os temas centrais da campanha, o cientista político aposta em segurança pública, mercado de trabalho, empreendedorismo e inteligência artificial como pautas dominantes. A anistia aos envolvidos no 8 de janeiro, segundo ele, não terá relevância eleitoral.

No cenário baiano, Felipe Nunes considera que a eleição está em aberto. “A Bahia foi um dos estados mais beneficiados pela força de Lula em 2022. Com a queda da popularidade do presidente, o cenário se torna mais competitivo”, analisou. O principal nome da oposição, ACM Neto, deve chegar forte. “As pesquisas mostram empate técnico com Jerônimo Rodrigues”, observou.

Por fim, o diretor da Quaest afirma que a oposição na Bahia enfrenta o desafio de medir o desgaste da hegemonia petista no estado. “É preciso entender se o cansaço que atinge Lula no plano nacional também se reflete na esfera estadual”, concluiu ao Correio.

 

12 de junho de 2025, 09:30

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