Inema demole terreiro de candomblé em Salvador; Órgão diz que construção estava em área de proteção ambiental gv6o

Da Redação
O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos da Bahia (Inema) demoliu o terreiro Ilê Axé Oya Onira’D, localizado no Parque Pituaçu, em Salvador. Segundo os filhos de santo, a ação foi realizada sem aviso prévio na segunda-feira (9). Já o Inema informou que a estrutura funcionava de forma irregular em uma Área de Proteção Permanente (APP).
A ialorixá Naiara de Oya, líder religiosa do terreiro, afirmou em entrevista à TV Bahia que o local sagrado existia há oito anos e que o grupo possuía documentos de intenção de compra da área, apresentados ao Inema desde a primeira notificação para desocupação. Ela explicou que, embora não houvesse escritura, havia um papel de compra e venda, pois a região era considerada invasão.
“Existe algo dentro da religião que é o sagrado, que a gente cultua. Para colocar ou tirar [cada objeto], tem todo um trâmite e ele não pode ser feito antes da hora, do dia, tem dias apropriados. Então, da forma que aconteceu está sendo um desrespeito à nossa ancestralidade”, declarou a ialorixá.
Os filhos de santo relataram que, ao chegarem ao local, encontraram os objetos sagrados do terreiro fora da construção, espalhados no chão, evidenciando o impacto da demolição para a comunidade religiosa.
O conselheiro do Parque Pituaçu, Gabas Machado, informou que a situação será denunciada ao Ministério Público da Bahia (MP-BA) e à Delegacia de Crimes Raciais e Religiosos, buscando apurar eventuais irregularidades e danos à liberdade religiosa.
Em nota, o Inema afirmou que acompanhava a ocupação desde dezembro de 2024 e constatou, em visita técnica, diversos impactos ambientais causados pela permanência da estrutura, incluindo risco de contaminação do solo, descarte irregular de resíduos e uso indevido de recursos naturais.
O órgão detalhou que em janeiro de 2025 foi emitida notificação extrajudicial para desocupação voluntária da área, entregue diretamente aos ocupantes. Para o Inema, a demolição foi necessária para preservar fragmentos urbanos da Mata Atlântica em Salvador.
A operação contou ainda com o apoio da Casa Civil, Secretaria de istração do Estado da Bahia (Saeb), Secretaria do Meio Ambiente (Sema), Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), Polícia Militar da Bahia e Procuradoria Geral do Estado (PGE).