Quatro em cada dez trabalhadores das praias de Salvador sofreram acidentes em um ano, aponta estudo 481o49

Da Redação
Um estudo divulgado no fim de maio pela revista científica Plos One revelou que 40% dos trabalhadores das praias de Salvador sofreram algum tipo de acidente de trabalho em um período de 12 meses. A pesquisa, resultado de uma parceria entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), mapeou as condições de trabalho em cinco trechos da orla da capital baiana: Amaralina, Itapuã, Jardim de Alah, Piatã e Ribeira.
Ao todo, 579 trabalhadores foram entrevistados entre novembro de 2023 e março de 2024. Segundo o levantamento, os principais fatores de risco são a informalidade, a carga horária excessiva — mais de 70% trabalham mais de oito horas por dia — e a ausência de equipamentos de proteção individual (EPIs), não utilizados por 65% dos entrevistados.
As perfurações nos membros inferiores, causadas por espetos descartados de queijo coalho, foram apontadas como o tipo mais comum de acidente. “Esses espetos, muitas vezes deixados na areia, oferecem risco significativo para quem circula entre os banhistas, como ambulantes e garçons”, explicou o coordenador do estudo, professor Cleber Cremonese.
O estudo também revelou maior vulnerabilidade entre jovens e mulheres. Os primeiros apresentaram o dobro do risco de acidentes, enquanto as mulheres tiveram incidência cinco vezes maior de queimaduras — muitas relacionadas à manipulação de frituras em estruturas improvisadas.
Além dos acidentes, os pesquisadores observaram impactos crônicos na saúde dos trabalhadores, como infecções de pele, lesões por esforço repetitivo (LER/Dort) e perda auditiva. A maioria dos entrevistados também relatou baixos salários e falta de o a direitos básicos como licença médica ou aposentadoria.
Financiado com recursos destinados pelo MPT, o estudo será usado como base para a formulação de políticas públicas voltadas à melhoria das condições de trabalho e proteção social dessa categoria. O procurador Ilan Fonseca, responsável pelo projeto, pretende apresentar os resultados à Prefeitura de Salvador. “Nossa intenção é abrir um canal de diálogo com o município para criar políticas específicas que protejam esses trabalhadores, fundamentais para o setor turístico da cidade”, afirmou.