sexta-feira, 13 de junho de 2025 3d1y6r

Quatro em cada dez trabalhadores das praias de Salvador sofreram acidentes em um ano, aponta estudo 481o49

Foto: Divulgação

Da Redação

Um estudo divulgado no fim de maio pela revista científica Plos One revelou que 40% dos trabalhadores das praias de Salvador sofreram algum tipo de acidente de trabalho em um período de 12 meses. A pesquisa, resultado de uma parceria entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), mapeou as condições de trabalho em cinco trechos da orla da capital baiana: Amaralina, Itapuã, Jardim de Alah, Piatã e Ribeira.

Ao todo, 579 trabalhadores foram entrevistados entre novembro de 2023 e março de 2024. Segundo o levantamento, os principais fatores de risco são a informalidade, a carga horária excessiva — mais de 70% trabalham mais de oito horas por dia — e a ausência de equipamentos de proteção individual (EPIs), não utilizados por 65% dos entrevistados.

As perfurações nos membros inferiores, causadas por espetos descartados de queijo coalho, foram apontadas como o tipo mais comum de acidente. “Esses espetos, muitas vezes deixados na areia, oferecem risco significativo para quem circula entre os banhistas, como ambulantes e garçons”, explicou o coordenador do estudo, professor Cleber Cremonese.

O estudo também revelou maior vulnerabilidade entre jovens e mulheres. Os primeiros apresentaram o dobro do risco de acidentes, enquanto as mulheres tiveram incidência cinco vezes maior de queimaduras — muitas relacionadas à manipulação de frituras em estruturas improvisadas.

Além dos acidentes, os pesquisadores observaram impactos crônicos na saúde dos trabalhadores, como infecções de pele, lesões por esforço repetitivo (LER/Dort) e perda auditiva. A maioria dos entrevistados também relatou baixos salários e falta de o a direitos básicos como licença médica ou aposentadoria.

Financiado com recursos destinados pelo MPT, o estudo será usado como base para a formulação de políticas públicas voltadas à melhoria das condições de trabalho e proteção social dessa categoria. O procurador Ilan Fonseca, responsável pelo projeto, pretende apresentar os resultados à Prefeitura de Salvador. “Nossa intenção é abrir um canal de diálogo com o município para criar políticas específicas que protejam esses trabalhadores, fundamentais para o setor turístico da cidade”, afirmou.

11 de junho de 2025, 15:20

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